De certeza que já viste esta imagem: um canguru bebé dentro da bolsa da mãe canguru. Não achas que era bom ser sempre assim com os nossos filhos também? Eles ficavam lá e estavam sempre protegidos. Era sem dúvida um método de proteção infalível! Mas, infelizmente esta realidade não é possível. Então, deves tentar garantir que o teu filho tenha o melhor começo de vida possível e que o seu desenvolvimento durante a infância seja benéfico para a vida adulta.
Partilho uma das minhas frases preferidas, de um obstetra que admiro:
“Para mudar a forma de viver, há que mudar-se a forma de nascer.”
Michel Odent
É verdade! As vivências do início da nossa vida têm uma grande influência na forma como nos vamos comportar à medida que crescemos. Não é fácil ser mãe ou pai, todos os dias há um novo desafio! É quase como conduzir dois carros ao mesmo tempo. Impossível, não é? A verdade é que tens de lidar com a tua vida e com a do teu filho. E o teu amor é tão grande, e forte e inquebrável, que fazes com que o impossível não seja nada comparado com a tua força.
Vamos começar pelo princípio. Assim que tu e o teu bebé se encontram.
Após 9 meses de espera, ansiedade, inúmeras expectativas, uma explosão de sentimentos, finalmente vais ter o teu bebé nos braços. Imaginaste este momento durante meses e vai ser tão especial, profundo e único como imaginas. É a primeira vez que vais ver as mãozinhas, os pés, o cabelo, vais tentar perceber se é parecido contigo ou com o pai…ou alguma tia, avó, irmão. É quase como se o mundo parasse. É a confirmação de que tudo o que viveste até agora foi mesmo real.
Segundo a Iniciativa Hospital Amigos do Bebé, lançada em 1991 pela UNICEF e pela Organização Mundial da Saúde (OMS) nas suas novas recomendações de cuidados durante o parto para uma experiência de parto positiva (2018), logo após o nascimento, o bebé deve ser colocado, despido ou só com fralda sobre o peito materno. Assim que tocares nele, aumenta a produção de oxitocina (a hormona do amor) e vais sentir-te ainda melhor e mais aliviada, a tua ansiedade vai diminuir e a temperatura do teu peito vai aumentar.
A recomendação da OMS de 2018 refere que “Recém-nascidos sem complicações devem ser mantidos em contacto pele a pele (Skin to Skin Contact) com as suas mães durante a primeira hora após o nascimento para prevenir a hipotermia e promover a amamentação.”
O contacto pele a pele é o início de uma ligação para a vida.
Tem tantas vantagens para ti como para o bebé. E atenção, esta dica é também para papás ou companheiros/as!
Quando eu estava grávida, entendia isso completamente e era a experiência que eu queria para mim. E é muito mais do que apenas pegar muito no nosso bebé, na verdade significava o que as palavras dizem – tirar a roupa entre ti e o teu bebé e ficar literalmente pele a pele!
Não sei se já ouviste falar do Dr. Nils Bergman, mas ele é uma excelente referência para quem quer aprender mais sobre a importância do contacto pele a pele. A sua pesquisa mostra que os bebés que são colocados pele a pele imediatamente após o nascimento são um grau mais quentes, têm um nível de açúcar no sangue mais alto, respiram melhor e, o melhor de tudo, estão acordados e conscientes do ambiente. Eles abrem os olhos e conectam-se com a mãe.
A sua recomendação, sempre que possível, é que o bebé fique com a mãe imediatamente desde o nascimento, descansando pele a pele. Ele observou que a pele da mãe na região da mama é diferente do que em outras áreas do corpo, dois graus mais quente do que o resto do corpo, e naturalmente projetada como um local para o bebé estar após o nascimento.
Às vezes, é normal não pensar nisto por ele ser tão pequenino, mas a qualidade do vínculo afetivo entre pais e bebé é determinante, mais tarde, para o desenvolvimento de uma personalidade emocionalmente equilibrada. Se por norma, o ser humano já tem uma necessidade de carinho, um bebé precisa ainda mais. Logo nos primeiros meses e anos de vida, ele desenvolve ligações neurológicas que lhe permitem começar a aprender. Aliás, este processo começa logo na gravidez e por isso, é bom quando tocas na barriga e ele ouve a tua voz. Acho que já percebeste que apesar de parecer que eles estão num estado de “nenucos”, na realidade, eles estão atentos a tudo à sua volta e importa criar um bom ambiente para eles crescerem.
De certeza que também já pensaste que ele pode chorar muito e tu não conseguires acalmá-lo, assim que nasça.
Sabias que ao colocá-lo no teu peito, ele reconhece o odor materno e fica mais calmo?
Além disso, o calor produzido pelo teu corpo vai protegê-lo do frio, a frequência respiratória e o nível de glicemia (açúcar no sangue) dele vai estabilizar e ele consegue melhor explorar o teu corpo.
Agora vamos falar daquele que é um dos maiores medos para todas as mamãs que poderá ser também para ti: a Amamentação! Mas não tem que ser! Este é um dos temas que abordo nos meus cursos, de forma a tranquilizar todas as mães! Lembra-te que é uma escolha tua, mas quero que tomes a tua decisão de forma informada e consciente. Por exemplo:
sabias que o leite materno é o único alimento que fornece nutrientes importantes para o desenvolvimento cerebral, protege a criança contra bactérias e vírus e combate infeções?
e no caso das mães, a amamentação reduz a depressão pós-parto, tem um efeito protetor contra o cancro da mama e de ovário e reduz o risco da mulher desenvolver diabetes tipo 2 após a gravidez.
Acredito que a melhor forma de enfrentares este desafio é estares preparada. Procura ajuda e tenho a certeza que já vais estar mais próxima de ter uma amamentação de sucesso. Eu quero que desfrutes destes momentos tão especiais com o teu bebé!
E para isso, vou contar-te alguns segredos para que este processo seja menos desafiante. Em primeiro lugar, confia no teu corpo. Pensa comigo, tu conseguiste gerar um bebé, isso é quase indescritível. O teu corpo é incrível, ele criou uma vida! Muitas mulheres têm medo de não conseguirem amamentar. Mas, sabias que, segundo alguns estudos, apenas entre 2% a 5% das mulheres é que são biologicamente incapazes de amamentar? Isto quer dizer que a amamentação é possível para mais de 95% das novas mães! Confia que vai dar tudo certo!
Depois de acreditares, prepara-te ao máximo para que tudo corra bem. Sabias que, em média, a nova mãe média gasta 7-8 horas por dia a alimentar o seu recém-nascido? Ou que os recém-nascidos devem comer 8-12 vezes durante as 24 horas do dia? Especialmente nas primeiras 6 semanas, a produção de leite está a “bombar”, por isso mergulha nesta fase por completo, tenta desligar-te ao máximo de coisas alheias e foca-te no teu bebé. Não te esqueças: “Amamentação é quando o amor transborda em forma de alimento”.
O amor nunca falha!
E por último, quero que saibas que não importa se vais conseguir amamentar 3 meses ou 2 anos ou mais, a tua força de vontade e determinação deve ser sempre valorizada. Parabéns, querida mamã, por tudo o que consegues fazer!
Agora que já sabes, já vestiste a tua capa de SUPER MÃE, já te podes lançar com toda a dedicação e amor neste mundo único. Mas se ainda tiveres dúvidas, lembra-te que eu estou aqui para te transformar numa mãe confiante, determinada e segura das tuas escolhas!
-Paula Alexandra Oliveira-
enfermeira parteira